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Há 19 anos um enviado do ‘inimigo’, martirizou Padre Nazareno em Jauru


Há 19 anos um enviado do ‘inimigo’, martirizou Padre Nazareno em Jauru

Como um homem comum chega ao patamar de mito? A história do padre Nazareno Lanciotti, assassinado em 2001 na cidade de Jauru (a 450 km de Cuiabá), é um exemplo pedagógico.

O religioso, que nasceu na Itália e veio para Mato Grosso fazer sua obra cristã, cresceu como liderança em meio a conflitos rurais, que marcaram a região na década de 80.

Chegou a se colocar como escudo humano, no meio de um tiroteio, entre policiais militares, capangas e sem-terra. Em nome de Jesus, pediu o cessar fogo.

Conquistou a cidade, em uma trajetória de mais de duas décadas, com obras sociais e articulação da juventude, tudo isso em meio a cenáculos – ou seja, muitas e muitas rezas organizadas.

No dia  22 de fevereiro de 2001, há 19 anos, um tiro na nuca encerrou a biografia dele. O crime ainda é uma incógnita.

O  foi a Jauru, pela BR-070 e a MT-248, para apurar caso, conversar com testemunhas, manipular documentos no Fórum, resgatar esta história marcante e o resultado é a primeira reportagem do ano da série “Investigação Criminal”.

Para a polícia, trata-se de um latrocínio. Para amigos, uma execução, já que ladrões que invadiram a casa paroquial, fizeram uma série de exigências e, depois do tiro na nuca, não levaram nada.

A suspeita é a de que tenham forjado uma situação de roubo, só para mascarar as reais intenções em eliminá-lo.

Entre as fotos, algumas delas são históricas e lembram a infância do pároco, o encontro dele com o papa João Paulo II e a atuação como religiosos proativo.
O mito hoje, conforme compreendem os católicos, está nos braços de Deus pai, todo poderoso. Virou nome de avenida, em nome dele Jauru faz feriado e repete, ano a ano, uma celebração que memora o martírio de Nazareno.

Na cidade, fica a dúvida: o que teria acontecido naqueles dias conflituosos? Afinal os ladrões queriam o cofre da casa paroquial ou foram ali só para “queimar” aquele que estava incomodando fazendeiros e políticos da região?

Além da questão criminal, os anos foram se passando e Nazareno começou a ser visto como milagreiro. O vaticano estuda a beatificação do padre, que morreu como mártir. O túmulo dele é cheio de flores e fotos de pessoas que afirmam terem recebido milagres do religioso, que é ícone na cidade.

Por Keka Werneck