Por Jaconias Neto
Deflagrada nesta quinta-feira (13/02) pela Polícia Federal (PF) para desarticular e descapitalizar um grupo criminoso envolvido no tráfico de drogas transnacional e em fraudes milionárias contra o Programa Farmácia Popular, a Operação Arthron tem como alvos em Mato Grosso, acusados da mesma família residente em Mirassol D’Oeste.
Na divulgação para imprensa não foram reveladas as participações de cada um no esquema que girou quase R$ 40 milhões. Conforme a Polícia Federal, durante as buscas foram aprendidos diversos carros importados, incluindo modelos da Porsche. Ao todo, 106 ordens judiciais foram expedidas pela Justiça Federal em Goiás, sendo seis mandados de prisão, 26 de busca e apreensão e 28 medidas restritivas, além do bloqueio de mais de R$ 39 milhões.
A operação ocorre não apenas em Mato Grosso, como no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Paraíba, Acre e Minas Gerais. A investigação começou em 2022 após a prisão de dois indivíduos transportando grande quantidade de cocaína para Luziânia (GO).
Descobriu-se que a droga seria entregue a um traficante da região, que chegou a ser candidato a vereador nas Cuiabá, 13 de Fevereiro de 2025 eleições de 2024. O grupo importava drogas da Bolívia, Colômbia e Peru, revendendo-as para traficantes do entorno do DF com vínculos com facções criminosas. As movimentações financeiras dos investigados revelaram um esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas farmacêuticas fraudulentas.
O grupo utilizava essas empresas para obter vantagens ilícitas do Programa Farmácia Popular e, posteriormente, financiava o tráfico de drogas. Ao menos 28 empresas foram criadas para cometer fraudes contra a União. Os investigados adquiriam farmácias cadastradas no programa que haviam encerrado suas atividades, alteravam a composição societária e utilizavam interpostas pessoas para dificultar a identificação dos reais beneficiários.
O esquema era intermediado por uma pessoa que atuava como despachante junto aos órgãos públicos. Após as alterações, havia um aumento artificial dos lançamentos de medicamentos, muitos dos quais nunca foram fornecidos aos supostos beneficiários.
Os dados de consumidores eram usados sem o conhecimento deles. Empresas fantasmas eram criadas em estados diferentes do domicílio dos sócios. Enquanto farmácias legítimas recebiam cerca de R$ 5 mil por mês do programa, após a fraude, os valores subiam para R$ 60 mil a R$ 90 mil. Além das medidas de bloqueio patrimonial, a operação busca reparar os danos causados à sociedade, incluindo o ressarcimento por dano moral coletivo.