Por Jaconias Neto
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou na manhã desta terça-feira (11/11) a Operação Domínio Fantasma, com o objetivo de desarticular um esquema criminoso milionário de fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro. A ação cumpre 33 ordens judiciais nas cidades de Cuiabá e Sorriso.
Entre as medidas determinadas pela Justiça estão um mandado de prisão preventiva contra o principal suspeito, sete mandados de busca e apreensão, duas medidas cautelares diversas de prisão, o sequestro de R$ 5 milhões em valores, além de dois imóveis e cinco veículos de luxo. Também foram autorizadas quebras de dados telemáticos, suspensão de perfis em redes sociais, bloqueio de sites e interrupção de atividades econômicas relacionadas ao grupo.
As ordens foram expedidas pelo Núcleo de Justiça 4.0 do Juízo das Garantias de Cuiabá.
De acordo com as investigações, o principal alvo é um contador, que utilizava seu conhecimento técnico para criar centenas de CNPJs e facilitar golpes de e-commerce em todo o país. Ele responderá por associação criminosa, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e crimes contra as relações de consumo.
A Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) identificou que o grupo operava de forma estruturada, usando empresas de fachada para lavar milhões de reais obtidos com as fraudes.
O esquema começou a ser investigado após um alerta da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) sobre a criação de diversas empresas por um mesmo contador, quase todas registradas em um único endereço em Cuiabá.
Entre 2020 e 2024, o suspeito abriu 310 empresas, sendo 182 já baixadas ou suspensas. No local indicado como sede, funcionava apenas uma pequena sala comercial sem identificação, usada para dar aparência de legalidade às empresas fictícias.
Nas redes sociais, o contador se apresentava como especialista em dropshipping e iGaming, atraindo pessoas com promessas de lucro fácil.
Segundo a Polícia Civil, ele criava CNPJs em nome de laranjas, geralmente jovens de baixa renda de outros estados, e os usava para registrar sites falsos de e-commerce. As páginas anunciavam produtos como brinquedos, roupas e cosméticos, mas as mercadorias nunca eram entregues.
Em alguns casos, os criminosos clonaram sites de marcas conhecidas, o que aumentava a credibilidade dos golpes. Diversas vítimas de diferentes regiões do país foram identificadas muitas delas registraram reclamações no portal “Reclame Aqui”.
A operação contou com o apoio da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), Delegacia de Crimes Fazendários (Defaz), Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon), Delegacia de Sorriso, além da Politec e da Sefaz.
A ação foi coordenada pela Coordenadoria de Enfrentamento ao Crime Organizado (Cecor) da Polícia Civil de Mato Grosso.