Por Jaconias Neto
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta sexta-feira (28), a Operação Snowball, ação que cumpre 150 ordens judiciais contra 47 investigados por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa com base em Campos de Júlio e região.
Do total de medidas, há 47 bloqueios de bens, 47 mandados de busca e apreensão, 47 quebras de sigilo bancário e 9 ordens de sequestro de patrimônio. A investigação aponta que os bloqueios financeiros podem chegar a R$ 470 milhões.
Até o momento, a operação resultou em 10 prisões em flagrante, 4 veículos sequestrados e 4 armas de fogo apreendidas. As ações ocorrem simultaneamente em Campos de Júlio, Comodoro, Nova Lacerda, Pontes e Lacerda, Conquista D’Oeste, Cáceres, Cuiabá, Várzea Grande, Mirassol D’Oeste, Sapezal e Brasília (DF). Cerca de 200 policiais participam da operação.A Snowball é um desdobramento da Operação Colossus, deflagrada em dezembro de 2023, que revelou a atuação estruturada de uma facção criminosa na região. Desde então, a Polícia Civil aprofundou as investigações, que identificaram expansão das atividades ilícitas, incluindo tráfico, extorsões, torturas, homicídios e lavagem de dinheiro próximos à fronteira com a Bolívia.
As apurações indicam que, desde 2022, os alvos montaram uma rede interestadual de lavagem de dinheiro. A decisão da 4ª Vara Criminal de Cáceres destaca que a facção opera com divisão hierárquica, funções definidas e esquema financeiro destinado a ocultar valores provenientes do tráfico.Ao longo das investigações, foram identificados 241 movimentações financeiras suspeitas, que ultrapassam R$ 10 milhões. Segundo a Polícia Civil, o dinheiro retornava ao crime por meio de diversos estabelecimentos, como centros de eventos, distribuidoras, tabacarias e até empresas de criptomoedas — uma delas entre os alvos da operação.
As células de lavagem de dinheiro atuavam em Cáceres, Nova Lacerda, Campos de Júlio e Cuiabá. Entre os investigados, 28 já cumpriram pena e 7 estão presos atualmente, sendo 4 deles na Penitenciária Central do Estado (PCE), apontados como lideranças.
Para o delegado responsável, Mateus Reiners, a operação representa um marco no combate ao crime organizado no interior do estado, especialmente pela complexidade da investigação financeira e pela atuação na região de fronteira.
Segundo ele, o diferencial foi identificar a fase inicial da lavagem de dinheiro, etapa em que o capital ilícito entra no sistema financeiro. “É essencial agir nesse momento, antes que os valores se ampliem e retornem ao sistema com aparência de licitude”, afirmou.
O nome Snowball (“bola de neve”) faz referência ao crescimento progressivo das evidências descobertas ao longo da investigação.
“Assim como uma bola de neve que aumenta ao descer a montanha, quanto mais avançávamos na análise financeira, mais alvos, transações suspeitas e montantes ilícitos surgiam. Cada descoberta gerava novos elementos e revelava a expansão da estrutura criminosa”, explicou o delegado.