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“É uma lástima o nosso prefeito não estar presente”, relata o Promotor de Justiça sobre reunião de análise de crise do município em tempos de Covid-19


“É uma lástima o nosso prefeito não estar presente”, relata o Promotor de Justiça sobre reunião de análise de crise do município em tempos de Covid-19

A Sociedade Civil organizada, lideranças políticas, e órgãos de saúde e segurança pública, se reuniram na Câmara Municipal de Vereadores nesta quarta-feira (24/06), para analisar o momento de crise sanitária do município de Pontes e Lacerda. A cidade já ultrapassou o número de 300 casos confirmados de coronavírus sem apresentar para a sociedade um plano de combate efetivo.

Cerca de trinta pessoas estiveram discutindo na reunião, menos o prefeito. A ausência do Executivo foi duramente criticada pelo Promotor de Justiça Frederico Ribeiro. “Nós precisávamos conversar e me desculpe pela crítica construtiva, mas é uma lástima o nosso prefeito não estar presente”, relata o Promotor.

Muitos tiveram a oportunidade de levantar questões na reunião. O Tenente-Coronel da Polícia Militar ressaltou na reunião, que todas as decisão referentes a não aglomeração, devem ser condizentes para evitar a situação. “Não adianta muito proibir sem coibir as ações que contribuem para o ajuntamento de pessoas”.

Na reunião, os olhares demostraram preocupação pelo futuro incerto. O Presidente da Associação Comercial Eridson Vieira reiterou que ” o caso da crise não é para amadores. Tem que ter um planejamento coordenado por gente experiente, competente pra fazer isso, com noção de gestão de crise. Senão tiver isso, não adianta”. O diretor da Acepl, Eliel Ribeiro destacou que o empresariado é contrário ao fechamento do comércio “porque os empresários estão cumprindo a sua parte, e outras medidas de prevenção e enfrentamento devem ser tomadas antes de pensar em suspender o atendimento”.

O representante da Loja Maçônica Obreiros da Liberdade e um dos responsáveis pela implantação da UTI em Pontes e Lacerda, Mauro Ramos, enfatizou a contrariedade em se fazer “lockdown” e reivindicou que os recursos destinados à saúde e à pandemia sejam utilizados de forma mais célere, ressaltando que  “dinheiro tem, está faltando velocidade na liberação para o hospital. Ano passado se gastava R$ 22 mil na compra de oxigênio. Esse ano paga-se R$ 120 mil, devido a Covid-19?. Quantos aos decretos emitidos pelo Executivo, Mauro considera muito brandos e com pouco efeito prático, perdendo a credibilidade por parte da população.

Mauro Ramos também foi enfático ao dizer que o Prefeito perdeu o rumo.” Eles não preparados para isso. Eles sempre deixavam a saúde por conta do Estado e Governo Federal. O caos está aí, explodiu. Temos que tomar uma providência como sociedade civil que somos, porque onde tem muita gente pensando pode sair uma ideia melhor”.

Já o Diretor do hospital, José Paulo Adriano, defende a abertura das unidades de saúdes para não sobrecarregar o hospital nos fins de semana, como aconteceu recentemente. “Eu penso que os postos de saúde deveriam estar abertos nos finais de semana além de deverem realizar atendimentos até um horário mais avançado, para que possamos fazer um bom atendimento”, afirma.

O Dr º Flávio Bracale, médico do trabalho, sustenta a ideia de maior rigidez em relação as aglomerações e a apresentação de um plano estratégico para o combate da pandemia. Estou disposto a ajudar, mas não sei por onde começar. Se adquiro mais máscaras para a população ou se compro medicamentos. Um planejamento é fundamental. Devemos fazer um plano para o pior cenário e nos preparar”.

O Presidente da Câmara Masxuel Guimarães, pontuou que já há falta de medicamento na rede pública e privada do município, e afirmou que um plano de enfrentamento transparente à população já é mais do que necessário.

Depois de ouvir as consideração dos participantes, o Promotor de Justiça elencou vários pontos que reputou importantes para o atual momento:

  • reformulação do comitê de prevenção e enfrentamento ao coronavírus que não há representatividade nem mesmos do Conselho Municipal de Saúde, sugerindo a participação dos segmentos da sociedade organizada.
  • reuniões do Comitê a cada dois dias;
  • reter e preservar os profissionais, avaliando inclusive a questão salarial;
  • A valorização dos profissionais de saúde, evitando o sentimento de perseguição aos servidores que denunciam irregularidades;
  • Abraçar a população e não ser imune a críticas, como as que são postadas nas mídias sociais e interpeladas pelo Executivo.
  • O atendimento 24horas no Centro de Triagem para síndrome gripal.
  • Necessidade urgente de UTI.
  • Câmara Municipal deve assumir a responsabilidade de Poder Legislativo.

Uma ata foi redigida, e todos os apontamentos da reunião devem ser encaminhado ao Prefeito municipal.

Sensação que ficou do resultado da reunião

O cenário é alarmante. Um hospital superlotado e o Centro de Síndrome Gripal com cerca de 130 pessoas aguardando o resultado, fora os que ainda não foram testados. Com esses números, cabe ao Poder Público fazer a parte que lhe cabe e a população redobrar os cuidados e evitar aglomerações.

A Secretária municipal de Saúde  se queixou das críticas e se comprometeu a levar os assuntos abordados ao Executivo Municipal.

Uma nova reunião deve acontecer nos próximos dias.

Quem compareceu: Seis Vereadores, Ministério Público, Associação Comercial, Conseg, Hospital Vale do Guaporé, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, PRF,  Secretaria de Saúde,  Sindicato Rural, OAB, SOS Medicina, Loja Maçônica Obreiros da Liberdade.