Pontes e Lacerda é um município diferenciado. A Prefeitura tem R$ 22 milhões no caixa e o Prefeito não libera recursos para preparar o Hospital Vale do Guaporé, não compra equipamentos de proteção nem álcool em gel para os mais vulneráveis e carentes visando protegê-los do novo coronavírus.
A Câmara de Vereadores acaba de adquirir um veículo zero km, no valor de quase R$ 110 mil. O problema é que o momento é politicamente inadequado devido às implicações e consequências das medidas de prevenção à pandemia que nos assola.
Como estamos em ano eleitoral, a divulgação da compra do veículo foi a “deixa” por parte dos colegas vereadores para atingir o presidente da Câmara e tentar transferir o prejuízo político só para ele.
Na Câmara, quem cala, aprova
Para entender o que está acontecendo, é importante lembrar como são as votações na Câmara. Os parlamentares que apoiam e aprovam qualquer ato sempre permanecem como estão, calados. Os vereadores que são contra, são obrigados e se manifestar.
No caso da compra do carro pela Câmara, várias etapas legais foram cumpridas. Todas públicas e publicadas em Diário Oficial. Os vereadores, principalmente os membros da Mesa Diretora, aprovaram o orçamento do Legislativo, por unanimidade, onde foi reservado o dinheiro para a aquisição. As outras etapas tiveram ou deveriam ser objeto de acompanhamento: licitação, homologação da licitação, adjudicação do objeto licitado e a formalização do contrato de compra, que foi assinado há quinze dias,
Quem aprova, permanece como está!
Desde a licitação até ontem, os vereadores e, principalmente, os membros da Mesa Diretora, Juninho, Sella e Márcia Pontes ficaram em absoluto silêncio sobre tudo o que estava ocorrendo na Câmara. “Quem aprova, permanece como está. APROVADO”!
Quando Juninho e Sella perceberam que poderia haver desgaste político, incluíram a parceira Márcia Pontes, seguiram os passos do Prefeito e correram a gravar um vídeo, imitando o mantra do ex-presidente Lula: “Não sabemos de nada. Não fazemos parte da compra desse carro. Vamos fazer uma Nota de Esclarecimento!”
Ora, se não concordaram com a compra do carro, porque aprovaram a inclusão no orçamento? Já não fiscalizam as ações do Executivo, não tem disposição nem mesmo para observar as contas do Legislativo, onde compõem o núcleo diretivo?
Fora do ninho
Ao assumir a presidência da Câmara através de acordo com adversários, Maxsuel deveria ter se apercebido que, no primeiro deslize político, seria exposto à execração pública sem dó nem piedade. É um estranho no ninho que abriga os três da diretoria. E paga caro por fiscalizar as ações do Executivo, que tem a proteção do trio “que não sabe de nada”.
“Trairagem pura”
O Presidente e a Mesa Diretora representam os vereadores. Tudo no legislativo depende de votação e autorização da maioria.
O carro foi comprado pela Câmara, através do Presidente, com autorização unânime dos vereadores. E será para uso daquele Parlamento, a serviço deles mesmos. Não aprovam mas vão se beneficiar do uso do veículo.
Fazer o que Juninho, Sella, Márcia Pontes e demais vereadores querem fazer, jogando “nas costas” do Presidente a responsabilidade única da compra do veículo, no mundo político tem nome e sobrenome: é “trairagem explícita”.